Bebê de três pais: nova técnica evita doenças genéticas

Uma inovação na FIV que promete mais saúde para o futuro

A expressão “bebê de três pais” tem gerado curiosidade em todo o mundo. A técnica, que envolve o DNA de três pessoas, surgiu como uma alternativa promissora para prevenir doenças mitocondriais hereditárias, que não têm cura e podem comprometer gravemente a qualidade de vida.

Neste artigo, você vai entender o que está por trás dessa inovação, como ela funciona na prática e o que dizem os especialistas sobre seus benefícios, riscos e limites éticos.

O que é a técnica dos bebês de três pais?

A técnica conhecida como “bebê de três pais” é um tipo de fertilização assistida que combina o material genético de três pessoas: mãe, pai e uma doadora de óvulos.

Isso ocorre porque o embrião gerado possui o DNA nuclear dos pais biológicos (responsável pelas características genéticas) e o DNA mitocondrial da doadora, que substitui o da mãe, quando este apresenta mutações que poderiam causar doenças graves.

Ou seja, embora o bebê herde a maior parte de seu DNA dos pais, uma pequena parte, cerca de 0,1%, vem da doadora, justamente para garantir mitocôndrias saudáveis.

Por que essa técnica foi criada?

O principal objetivo dessa abordagem é evitar a transmissão de doenças mitocondriais. Essas doenças são causadas por mutações no DNA das mitocôndrias, organelas responsáveis por gerar energia nas células, e são transmitidas exclusivamente pela mãe.

Doenças mitocondriais podem afetar:

  • Sistema nervoso
  • Coração
  • Músculos
  • Fígado
  • Audição e visão

Elas podem surgir ainda na infância e, muitas vezes, evoluem rapidamente. Como não existe cura, a única forma de evitá-las é impedir sua transmissão no momento da concepção.

Como funciona a técnica na prática?
A técnica utilizada no caso mais recente, conhecida como transferência pronuclear, tem um processo um pouco diferente da substituição mitocondrial tradicional.

  1. Veja como funciona:
    Primeiro, os óvulos da mãe e da doadora são fecundados separadamente com o sêmen do pai.
     
  2. Antes da primeira divisão celular, os pronúcleos (material genético do pai e da mãe) são removidos de ambos os embriões.
  3. Os pronúcleos da mãe e do pai biológicos são então transferidos para o citoplasma do embrião da doadora (que contém mitocôndrias saudáveis).
  4. Assim, forma-se um embrião com o DNA nuclear dos pais e o DNA mitocondrial da doadora.
  5. Esse processo visa preservar o material genético essencial dos pais, evitando a transmissão de mutações mitocondriais pela mãe.

Esse processo visa preservar o material genético essencial dos pais, evitando a transmissão de mutações mitocondriais pela mãe.

É seguro? O que dizem os especialistas?

A técnica já foi autorizada em alguns países, como o Reino Unido, após rigorosas análises científicas e éticas. Os primeiros bebês nascidos por essa técnica demonstram desenvolvimento saudável, embora o número de casos ainda seja pequeno para avaliações de longo prazo.

Riscos e pontos de atenção incluem:

  • Possível incompatibilidade entre DNA nuclear e mitocondrial
  • Necessidade de acompanhamento médico contínuo
  • Desafios na padronização dos protocolos

Mesmo assim, a comunidade científica vê a técnica como um avanço promissor na medicina reprodutiva preventiva, com potencial para beneficiar famílias com histórico de doenças mitocondriais.

Aspectos éticos e legais

A expressão “bebê de três pais” pode causar controvérsias, mas não se trata de manipulação genética com fins estéticos ou experimentais. A técnica visa prevenir doenças graves e incuráveis, e não modificar traços genéticos desejados.

Algumas questões debatidas incluem:

  • O direito do futuro bebê saber sobre sua origem genética
  • Consentimento da doadora
  • Limites entre prevenção e modificação genética

No Brasil, a prática ainda não é regulamentada pela ANVISA ou pelo CFM, sendo considerada experimental e restrita a países com legislação específica.

O que esperar dos próximos anos?

A fertilização com DNA de três pessoas representa uma fronteira entre inovação médica, bioética e genética. Com mais estudos, regulamentações e acompanhamento de longo prazo, essa técnica pode se tornar uma solução segura e eficaz para evitar doenças que afetam toda uma linhagem familiar.

O futuro da medicina reprodutiva caminha para além da fertilização: ele passa pela prevenção de doenças antes mesmo da vida começar.

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