Síndrome dos Ovários Policísticos
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma condição que contempla alterações reprodutivas, metabólicas e psicológicas nas pacientes afetadas. Trata-se de um diagnóstico prevalente em mulheres em idade reprodutiva, afetando 8-13% dessas.
Em 2018 foi publicado um Guideline envolvendo as principais sociedades de Ginecologia, Medicina Reprodutiva e Endocrinologia, com o objetivo de atualizações nos critérios diagnósticos e tratamento dessa condição.
Os critérios de Rotterdam (2013) seguem válidos como critérios diagnósticos, porém algumas recomendações foram incluídas.
Critérios de Rotterdam 2 de 3 critérios, desde que excluídas outras causas para os sintomas:
- Oligo ou anovulação crônica
- Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial
- Ovários de aspecto policístico na ecografia
Como definir a disfunção ovulatória?
- Ciclos menstruais irregulares são definidos como:
- Normal no primeiro ano após a menarca como parte da transição puberal.
- 1 a < 3 anos após a menarca: <21 ou > 45 dias.
- 3 anos após a menarca à perimenopausa: <21 ou >35 dias ou <8 ciclos por ano.
- 1 ano após a menarca: > 90 dias para qualquer ciclo.
- Amenorreia primária aos 15 anos ou > 3 anos após a telarca (desenvolvimento da mama).
- Considerações especiais na adolescência:
- Em adolescentes com ciclos menstruais irregulares, o valor e o momento ideal de avaliação e diagnóstico de SOP devem ser discutidos com a paciente, levando em consideração os desafios diagnósticos nesta fase da vida e os fatores psicossociais e culturais.
- Para adolescentes que têm características de SOP, mas não atendem aos critérios de diagnóstico, um “risco aumentado” pode ser considerado e reavaliação aconselhada em outros aspectos de maturidade reprodutiva, 8 anos após a menarca.
Como definir hiperandrogenismo?
- Hiperandrogenismo clínico:
- Acne, alopecia e hirsutismo e, em adolescentes, acne grave e hirsutismo.
- Hirsutismo: Escala de Ferriman-Gallwey modificada – um nível ≥ 4 – 6 indica hirsutismo (considerar a etnia da paciente).
- Alopecia: Escore visual de Ludwig.
- Acne: Não há uma escala visual universalmente aceita.
- Hiperandrogenismo laboratorial:
- A avaliação laboratorial é mais útil para estabelecer o diagnóstico de SOP e/ou fenótipo onde sinais clínicos de hiperandrogenismo (em particular o hirsutismo) são incertos ou ausentes.
- Testosterona biodisponível e livre calculada ou índice de androgênio livre são os métodos preferenciais.
- Androstenediona e sulfato de dehidroepiandrosterona (SDHEA) podem ser considerados se a testosterona total ou livre não estiver elevada.
- A interpretação dos níveis de androgênio deve ser guiada pelos intervalos de referência do laboratório utilizado.
- Quando os níveis de andrógeno circulante estão marcadamente acima dos intervalos de referência do laboratório, outras causas de hiperandrogenismo precisam ser consideradas.
- Não deve ser realizada em pacientes em uso de contracepção hormonal, devido aos efeitos na globulina de ligação dos hormônios sexuais (SHBG) e alterações na produção de androgênios.
- Se essa avaliação for necessária, a retirada do medicamento é recomendada por três meses ou mais antes da coleta, e o controle de contracepção com uma alternativa não hormonal é necessário durante este tempo.
Como definir a alteração morfológica dos ovários na ecografia?
- Critérios ecográficos de ovário policístico:
- 20 folículos antrais em um mesmo ovário e/ou.
- Volume ovariano ≥ 10ml (desde que não haja corpo lúteo, cistos ou folículos dominantes).
- Preferencialmente realizado por ecografia transvaginal.
- Em pacientes com ciclos menstruais irregulares e hiperandrogenismo, a ecografia não é necessária para o diagnóstico de SOP.
- Considerações especiais em adolescentes:
- A ecografia não deve ser usada para o diagnóstico de SOP em pacientes com < 8 anos após a menarca, devido à alta incidência de aspecto policístico dos ovários nesta fase da vida.
Referência:
(International evidence based guideline for the assessment and management of polycystic ovary syndrome – link para acesso http://www.monash.edu/medicine/sphpm/mchri/pcos)