Durante muito tempo prescrevemos Citrato de Clomifeno para induzir a ovulação de mulheres que tentam engravidar. Entre 10 e 15% destas pacientes terão uma ação anti-estrogênica por conta desta medicação nos seus endométrios (essa é uma reação idiossincrática, sendo a prescrição de estrogênio ineficaz) e suas taxas de ovulação serão de 60 a 80% e as de gestação de 20% ao mês.
E o Letrozole?
Letrozole é uma droga bastante conhecida, usada para neoplasia mamária, por exemplo. Ela atua na inibição da aromatase, promovendo a diminuição da conversão de andrógenos para estrógenos, resultando em um estado de hipoestrogenismo e consequente liberação de gonadotrofinas. Em um clássico estudo de 2014, publicado no New England (N Engl Med 2014: 371:119-129), foi demonstrado que essa medicação, quando comparada com Citrato de Clomifeno, é 40% mais eficaz em termos de gestação em mulheres anovulatórias. Depois, outros autores e mais estudos confirmaram esse dado: o Letrozole é melhor e mais eficaz.
Para quem devemos prescrever?
Para mulheres que não ovulam (ciclos menstruais irregulares). O padrão clássico são as pacientes com Síndrome de Ovários Policísticos. Sempre é bom lembrar que idade abaixo de 35 anos e até 3 anos tentando gestar são fatores importantes e TODAS devem ter avaliação de tubas (histerossono ou histerossalpingografia) e um espermograma normal do companheiro.
Como prescrevemos?
Iniciamos com um comprimido de 2,5mg via oral do 3º ao 7º dia do ciclo menstrual. Essa dose pode aumentar até 3 comprimidos ao dia. Recomendamos uma ou duas ecografias a partir do 12º dia do ciclo menstrual para termos certeza que houve ovulação.
Gráficos com os resultados de gestação em mulheres que usaram Citrato de Clomifeno ou Letrozole.
Fonte: N Engl J Med 2014: 371:119-129