Novidades na Literatura sobre Abortamento de Repetição

Foi publicado um novo guideline neste ano pelo Royal College of Obstetricians and Gynecologists sobre Abortamento de Repetição. O guideline trata de pacientes com três abortamentos ou mais, mas reconhece na literatura a necessidade de olharmos com mais atenção para pacientes com dois ou mais abortos, diferentemente das pacientes sem história de abortamento ou com apenas um episódio, cuja chance de um evento esporádico é maior.

Os exames considerados necessários nessa população são:

  • Trombofilias adquiridas: especialmente testagem para anticoagulante lúpico e anticorpos anticardiolipina (lembrando que para o diagnóstico correto necessitamos de dois exames com 12 semanas de intervalo). Para testagem da beta-2-glicoproteína o corpo total de evidências é mais escasso.
  • Trombofilias herdadas: Pacientes com abortamentos de segundo trimestre podem ser ofertadas com testagem para Fator V de Leiden, mutação da protrombina, deficiência da proteína S. As pacientes devem ser informadas que a força da associação dessas alterações com desfechos reprodutivos pode ser inconsistente. Não há evidência para solicitar Proteína C ou mutação do gene MTHFR.
  • Genéticas: sempre que possível fazer análise citogenética do tecido do abortamento, se esse não foi possível, solicitar cariótipo do casal.
  • Anatômica: Avaliação de anormalidades estruturais, preferencialmente com ecografia 3D, sendo que úteros septados e bicornos são as anormalidades que têm maior grau de evidência de desfechos obstétricos negativos.
  • Causas endocrinológicas: solicitar TSH e anti TPO. Existe associação de abortamento com hipotireoidismo subclínico.
  • Imunológicas: Solicitação de screening de HLA ou células NK não se sustentam com as evidências que temos atualmente.

Além dos exames, temos um grau de evidência razoável para recomendar modificações do estilo de vida: manter IMC entre 19-25; consumo de álcool deve ser esporádico e suspender tabagismo.

Na próxima newsletter Insemine vamos trazer as informações sobre tratamento dessas condições.

Fonte: Megan L. et al., Royal College of Obstetricians and Gynecologists, 2021.

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